Título original: La Divina Commedia
Autor: Dante Alighieri
Editora: Editora 34 (a versão que li)
Ano: Século XIV
Um divisor de águas no conceito pós morte...
Mais um mega desafio literário para mim: resenhar Dante na Divina Comédia!
Como esta obra trata de profundas questões políticas, sociais, teológicas, etc... minha resenha consistirá apenas em impressões que tive do livro como leiga.
De acordo com o prefácio de Carmelo Distante, a Comédia é o relato da viagem que Dante empreende para visitar os três reinos do outro mundo: o inferno, o purgatório e o paraíso, escrito em forma de cantos.
Hoje vou comentar sobre o início da trama, o Inferno.
A história gira em torno de Dante, um jovem rapaz que se desvia dos bons caminhos ('reto procedimento') e se perde numa chamada "selva escura". Lá, ele encontra Virgílio, um poeta latino que, a pedido de Beatriz (antiga paixão de Dante), se oferece como guia para passar pelo inferno e pelo purgatório e levá-lo até onde Beatriz está, no paraíso. O intuito dessa jornada era que, ao ver os pecadores e a pena que cada um recebeu, Dante se arrependesse e encontrasse o caminho da salvação.
Dante aceita a proposta e ambos começam a peregrinação pelo inferno.
O livro narra, então, cada chamado "círculo" do inferno - valas onde cada pecador é punido de acordo com a gravidade do seu crime. Em meio à jornada, Dante tem a oportunidade de conversar com os condenados e descobrir o que fizeram e qual a respectiva pena.
Os "círculos" vão sendo apresentados do menor ao maior pecado, seguindo a ordem: incontinência, violência, fraude simples e traição - sendo a última onde se encontra Lúcifer.
Embora passem por muitos perigos, Dante e Virgílio são sempre protegidos do inferno por divina ordem, permitindo sair ilesos do inferno para o purgatório.
PING-PONG
Como o livro me achou: Apesar de sempre ter ouvido falar desta famosa obra, por desconhecer seu enredo e por julgar ser uma leitura muito difícil, nunca tive o interesse de ler, até a obra ser citada de forma tão doce em "o inferno de Gabriel", que por sinal é uma paráfrase da Divina Comédia, uma vez que também é uma trilogia que remete aos mesmos temas de inferno (o inferno de Gabriel), purgatório (o julgamento de Gabriel) e paraíso (a redenção de Gabriel).
Um pró: o livro INTEIRO é escrito em versos! São 100 cantos, escritos em tercetos de decassílabos ritmados de modo alternado e encadeado! Quer dizer, é uma verdadeira obra de arte, uma Monalisa em versos! Além disso, antes de cada canto, há um resuminho contando a história em prosa, o que permite que viajemos na poesia sem deixar de entender o enredo...
Um contra: o livro é mesmo complexo, não dá pra negar. Não dá pra ler sem um bom dicionário do lado. Mas o lado bom é que você termina a leitura com um vocabulário mais robusto, sabendo o significado de derrelitas e sequazes, por exemplo (nota, o Google acabou de sublinhar de vermelho essas palavras... kkkk)
Um diferencial: Talvez seja mais fácil dizer o que essa obra se parece com as outras, porque ela é absolutamente única. Tudo bem que os "Autos" de Gil Vicente e outras obras também compartilham características, inclusive com o tema, mas acredito que a comédia seja tão viva, tão pessoal. Dante se põe como personagem e coloca seus inimigos no inferno! Isso é que é verossimilhança!
Um personagem: Gosto muito de Virgílio, que parece mesmo um bom mestre para guiar Dante. Ele permite e promove as conversas entre Dante e os condenados, mas também o protege das inevitáveis armadilhas que se encontraria nas profundezas de um inferno.
Citação: Como a história é dividida em contos, meu conto favorito do inferno é o Canto V, que conta a história de Paolo e Francesca, condenados ao inferno pelo pecado da luxúria. É óbvio que não aprecio o pecado em si, mas o romantismo da história.
"Amor, que alma gentil pronto apreende, este prendeu pela bela pessoa de mim levada, e o modo ainda me ofende. Amor, que a amado algum amar perdoa, tomou-me, pelo seu querer, tão forte, que como vês ainda me agrilhoa."
Uma lição: a obra é, obviamente, uma ficção sobre a vida pós morte, mas é importante essa questão de que, o que fazemos em vida, determinará o que faremos depois da morte. Não só uma boa, mas crucial reflexão que todos devemos fazer.
É, enfim, uma obra ímpar, extremamente enriquecedora. É possível fazer um belo de um estudo histórico-cultural da época, principalmente para os que são dessa área do conhecimento. Mas se você, como eu, é apenas um amante de livros, é possível também se deleitar nessa fantástica aventura e viajar em meio a um lindo poema.
APROVADO!!!
Olá!
ResponderExcluirSempre quis começar a ler, mas realmente, muitas pessoas dizem que é bem complexo.
Beijão
Leitora Cretina
Olá, Leitora, fato, é mesmo complexo, mas a introdução de cada canto ajuda bastante na compreensão da história... Vale a pena insistir!
ExcluirUm beijo!
Fernanda, Fernanda, Fernanda... você e essas suas resenhas que mais são intimações para ler bons livros, eu é que sei disso!
ResponderExcluirLivros como esses clássicos, são mesmo difíceis de serem lidos, esse ano li "Romeu e Julieta" e me perdia em muitas palavras desconhecidas, mas o que você disse é a mais pura verdade se o dicionário estiver ao lado, a leitura se torna maravilhosa. Eu sou louca para ler a trilogia "O inferno de Gabriel", você leu é? Quero resenhas para ontem! hahaha
Honestamente não sei se eu leria esse livro, mas como conheço suas indicações e sei que são incríveis, começo achar que devo dar uma chance.
Beijos
Dani Cruz
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Eu sei, mas vc se vinga muito bem em suas resenhas ... hahahaha
ExcluirOS livros não se tornam clássicos por acaso. Para resistirem ao tempo, precisam ser os melhores. Uma pena que perdemos essas oportunidades!
Sobre o inferno de Gabriel, resenhei só o primeiro da trilogia (como fiz com as outras séries). O link está no post, mas copiei aqui de novo => http://spaziodilibri.blogspot.com.br/2014/06/o-inferno-de-gabriel.html
Bjos, Dani, sempre espero ansiosa suas visitas!!
Olá,
ResponderExcluirImagino como você deve ter se sentido ao tentar resenhar o livro, a verdade é que sempre fico com um pé atrás na hora de falar de clássicos, por isso mesmo te aplaudo de pé! Muito bom o post!
Beijos.
Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com
Com certeza, Inês, mas mesmo não sendo experts, livros tem que ser admirados e homenageados, né?
ExcluirMuito obrigada pela visita, quero te ver sempre por aqui, hein?
Beijão!